domingo, 20 de junho de 2010

A nova versão do voto de cabresto

Meus caros alunos, como várias vezes tive oportunidade de me manifestar em sala de aula, local por excelência onde se discute idéias e ideais, acerca do papel do verdadeiro cidadão, me utilizo deste espaço para democratizar minha opinião.
Nestas oportunidades, comentamos acerca dos péssimos infortúneos que afloraram do legislativo tocantinense, quando alguns de vocês me indagaram: o que poderia ser feito professor?
Antes de procurar uma solução, algo não pode ser questionado: o papel do Poder Judiciário. Lembremos das vezes em que foi chamado a se manifestar, especialmente nos últimos meses, quando o fez de maneira exemplar.
Em algumas delas foram realizados comentários pelos nobres ministros. Não foi fácil escutar tais palavras, mas apesar de "doerem" em minha consciência, tive que admitir, foram de imensa felicidade.
Não há outro sentimento a aflorar do cidadão tocantinense, e eu me incluo, senão o de vergonha. Não passam de declarações demagógicas aquelas proferidas por alguns políticos, unicamente no intuito de se aproveitarem da decisão para se sagrem vencedores politicamente.
Apesar de clarividência desta intenção, eu ainda me preocupo com o fato de que esta "estratégia" seja acertada. Ora, basta lembrar que 70% do eleitorado do nosso Estado não passa do nível fundamental.
Pois bem, apesar desta triste realidade, tem outro fator que vem decidindo as eleições estaduais e municipais praticamente desde quando este Estado fora criado: o "voto de cabresto".
É óbvio que não se trata daquela modalidade amplamente praticada durante a república velha, fazendo perdurar no poder vários coroneis regionais, todas à base de muita violência e ameças. Mas a pressão claramente imposta pelos governantes aos eleitores, ameaçando atingir aquilo que é mais valorizado por um cidadão economicamente ativo: o seu emprego.
A utilização dos votos dos milhares de servidores públicos sem a tão sonhada estabilidade, pois ingressaram nesta seara por pura indicação de seu "padrinho" ou "madrinha", multiplicada ao número de pessoas deles dependentes, é a maior e mais decisiva massa de manobra.
Mais do que uma ilegalidade, trata-se de uma verdadeira injustiça eleitoral.
Não critico o eleitor, que visa proteger aquilo que para ele é mais sagrado, o sustento de sua família. Mas a verdadeira COVARDIA do governante e de seus subalternos, que fingem estarem preocupados com as pessoas para as quais conseguem aquela "vaguinha" na máquina pública, já que desejam, na realidade, o seu voto. Este é o cabresto utilizado pelos mais covardes políticos.
Estamos diante de mais uma eleição. Com certeza várias pessoas estão ou estarão nas ruas, esquinas, praças, rotatórias de nossas cidades, balançando suas bandeiras, debaixo de um sol nada genoroso, não apenas para ganharem seu cachê diário, mas para garantirem mais 04 anos de emprego, ou ingressarem para ali ficarem 04 anos.
Foi a época em que os eleitores buscavam novos votos por pura ideologia. Para falar a verdade, nas eleições que participei, nos meus 32 anos de vida, raramente presenciei esta realidade. No Estado do Tocantins, nunca.
Aguardemos mais alguns dias, quando iniciará a campanha eleitoral, para nos deparamos com esta realidade. Não se esqueça, as pessoas que estarão naqueles locais já mencionados, gritando e aplaudindo nos comírcios, xingando e vaiando os adversários nos debates, só alí estarão por um único motivo: garantirem seus empregos públicos, SEM CONCURSO PÚBLICO, ou, para os concursados, OS SEUS CARGOS DE CHEFIA, DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO.

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